segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Mostra do Carnaval nos Açores em Porto Belo



Parte de uma maratona fotográfica organizada pela Presidência do Governo Regional dos Açores, a mostra abre no dia 17 de fevereiro, na Fundação Municipal de Turismo de Porto Belo.
Como os descendentes dos açorianos brincam o Carnaval e como é um “bailinho” para os foliões da Ilha Terceira? São peculiaridades da folia no arquipélago dos colonizadores açorianos que só quem viu pode contar. É o que faz Joi Cletison Alves, diretor do Núcleo de Estudos Açorianos da Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, autor da exposição de fotografias “Festival de Teatro Popular: o carnaval na Ilha Terceira – Açores”, que abre no dia 17 de fevereiro e permanece até 16 de março na Fundação Municipal de Turismo de Porto Belo. O fotógrafo e historiador viveu intensamente essa experiência nos quatro dias de carnaval de 2006, fotografando as tardes, noites e madrugadas de folia em Angra do Heroísmo e Praia da Victoria, na Ilha Terceira.
Na mostra, Joi Cletison traz o resultado de uma maratona fotográfica chamada “Gestos e Gente no Carnaval Terceirense”, organizada pela Presidência do Governo Regional dos Açores, da qual participou. A proposta da maratona foi fotografar o carnaval da Ilha Terceira nos Açores, que é um evento popular atípico em relação às manifestações populares no resto do arquipélago e em Portugal. Foram convidados para participar do projeto fotógrafos do Brasil, Canadá e EUA, todos tendo em comum a forte emigração açoriana. Do Brasil, participaram profissionais do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, da qual Cletison foi o representante.
Durante os quatro dias de carnaval, os selecionados fotografaram os “bailinhos”, que ocorrem somente na Ilha Terceira. Os bailinhos são uma espécie de bloco de carnaval. Cada freguesia (bairro) organiza o seu próprio grupo que compõe uma música (letra e arranjos), monta uma coreografia, cria um figurino próprio e depois ensaia a apresentação do todo. Nas noites de folia, os grupos se apresentam em sua localidade e depois percorrem as diversas comunidades da Ilha.
Um acervo de mais de 900 imagens documenta essa vivência na mostra promovida pela Fundação Municipal de Turismo de Porto Belo em parceria com a Secretaria de Cultura e Arte da UFSC e Governo Regional dos Açores e realização do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC. Joi impressionou-se com a autonomia dos foliões na organização. “Sai um Grupo e entra outro e o público permanece fiel, mantendo os teatros lotados”. Além da criação artística, os grupos cuidam do transporte e recursos financeiros para a montagem. A comunidade oferece apenas o espaço e um lanche depois da apresentação. Cada grupo chega a fazer oito apresentações durante a noite em locais diferentes. “Acontecimentos do dia a dia na área da política, economia ou sociedade servem como tema”, explica o fotógrafo.
    SERVIÇO
    “Festival de Teatro Popular : O carnaval na Ilha Terceira – Açores”
    Local: Fundação Municipal de Turismo de Porto Belo (FUMTUR)
    Período: 17/02 a 16/03/2012
    Horário de visitação: 8 às 20 horas de segunda feira a sábado
    MAIS INFORMAÇÕES: (48)3731-8605, (48)9982-8938 ou via e-mail    ou Fundação de Turismo Porto Belo (47) 3369.5638 com Alexandre ou
    Fotografias: http://ftp.identidade.ufsc.br/CarnavalAcores_JoiCletison.zip
     Promoção da exposição:
     Fundação de Turismo de Porto Belo
     Prefeitura de Porto Belo
     Universidade Federal de Santa Catarina – SECARTE
     Governo Regional dos Açores – DRC
     Realização: Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC
Divulgação: Raquel Wandelli
Jornalista – SeCArte – UFSC
Fones: 37218729, 37218910 e 99110524
    Apresentação:
    A apresentação da exposição é do escritor Álamo de Oliveira, que já compôs diversas marchas para o carnaval terceirense. O escritor também foi responsável por várias montagens teatrais e diversos bailinhos de carnaval. Abaixo o texto de apresentação da exposição.
    “Uma das celebrações festivas do Carnaval mais originais ocorre, com certeza, na ilha Terceira dos Açores. Durante dois ou três meses, alguns milhares de pessoas (atores, poetas populares, autores, compositores e músicos, vocalistas, ensaiadores, figurinistas, costureiras) preparam, com talento e afeto, aquele que é o maior Festival de Teatro Popular, se não do mundo, pelo menos da Europa.
    Durante os dias de carnaval, meias centenas de grupos percorrem as oito dezenas de palcos que envolvem a ilha, representando estórias que tocam o imaginário histórico e social ilhéu, nas mais diversas variantes temáticas, tratando-as, literária e teatralmente, de acordo com a sensibilidade de cada tema. Assim, a hagiografia, os feitos históricos e os dramas passionais entram na categoria das «danças» de dia, da noite e de espada, enquanto que os casos que se expõem ao ridículo público são satirizados através do uso de linguagem cômica e bem humorada, a que dão o nome de «bailinhos». «Danças» e «Bailinhos» utilizam o mesmo figurino estrutural (marcha, saudação, apresentação em quadros e desenvolvimento do enredo, despedida e repetição da marcha) e são escritas em poesia rimada bem à maneira do teatro vicentino.
    A presente exposição dirá muito da vivência do artista da imagem, que é Joi Cletison, no Carnaval da Terceira, em 2006. Ele testemunha todo o talento, criatividade e – por que não? – a genialidade de milhares de artistas, anônimos no dia-a-dia, mas admiráveis nos quatro dias em que desenvolvem este Festival, que é realizado numa ilha com 55 mil habitantes e visto por mais de 40 mil espectadores”.
    Álamo Oliveira – Escritor
    Raminho – Açores, 5 de Janeiro de 2007

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