Parte de uma maratona fotográfica organizada pela Presidência do Governo Regional dos Açores, a mostra abre no dia 17 de fevereiro, na Fundação Municipal de Turismo de Porto Belo.
Como
os descendentes dos açorianos brincam o Carnaval e como é um “bailinho”
para os foliões da Ilha Terceira? São peculiaridades da folia no
arquipélago dos colonizadores açorianos que só quem viu pode contar. É o
que faz Joi Cletison Alves, diretor do Núcleo de Estudos Açorianos da
Secretaria de Cultura e Arte da UFSC, autor da exposição de fotografias
“Festival de Teatro Popular: o carnaval na Ilha Terceira – Açores”, que
abre no dia 17 de fevereiro e permanece até 16 de março na Fundação
Municipal de Turismo de Porto Belo. O fotógrafo e historiador viveu
intensamente essa experiência nos quatro dias de carnaval de 2006,
fotografando as tardes, noites e madrugadas de folia em Angra do
Heroísmo e Praia da Victoria, na Ilha Terceira.
Na
mostra, Joi Cletison traz o resultado de uma maratona fotográfica
chamada “Gestos e Gente no Carnaval Terceirense”, organizada pela
Presidência do Governo Regional dos Açores, da qual participou. A
proposta da maratona foi fotografar o carnaval da Ilha Terceira nos
Açores, que é um evento popular atípico em relação às manifestações
populares no resto do arquipélago e em Portugal. Foram convidados para
participar do projeto fotógrafos do Brasil, Canadá e EUA, todos tendo em
comum a forte emigração açoriana. Do Brasil, participaram profissionais
do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, da qual Cletison
foi o representante.
Durante
os quatro dias de carnaval, os selecionados fotografaram os
“bailinhos”, que ocorrem somente na Ilha Terceira. Os bailinhos são uma
espécie de bloco de carnaval. Cada freguesia (bairro) organiza o seu
próprio grupo que compõe uma música (letra e arranjos), monta uma
coreografia, cria um figurino próprio e depois ensaia a apresentação do
todo. Nas noites de folia, os grupos se apresentam em sua localidade e
depois percorrem as diversas comunidades da Ilha.
Um
acervo de mais de 900 imagens documenta essa vivência na mostra
promovida pela Fundação Municipal de Turismo de Porto Belo em parceria
com a Secretaria de Cultura e Arte da UFSC e Governo Regional dos Açores
e realização do Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC. Joi
impressionou-se com a autonomia dos foliões na organização. “Sai um
Grupo e entra outro e o público permanece fiel, mantendo os teatros
lotados”. Além da criação artística, os grupos cuidam do transporte e
recursos financeiros para a montagem. A comunidade oferece apenas o
espaço e um lanche depois da apresentação. Cada grupo chega a fazer oito
apresentações durante a noite em locais diferentes. “Acontecimentos do
dia a dia na área da política, economia ou sociedade servem como tema”,
explica o fotógrafo.
SERVIÇO
“Festival de Teatro Popular : O carnaval na Ilha Terceira – Açores”
Local: Fundação Municipal de Turismo de Porto Belo (FUMTUR)
Período: 17/02 a 16/03/2012
Horário de visitação: 8 às 20 horas de segunda feira a sábado
MAIS INFORMAÇÕES: (48)3731-8605, (48)9982-8938 ou via e-mail ou Fundação de Turismo Porto Belo (47) 3369.5638 com Alexandre ou
Fotografias: http://ftp.identidade.ufsc.br/CarnavalAcores_JoiCletison.zip
Promoção da exposição:
Fundação de Turismo de Porto Belo
Prefeitura de Porto Belo
Universidade Federal de Santa Catarina – SECARTE
Governo Regional dos Açores – DRC
Realização: Núcleo de Estudos Açorianos da UFSC
Divulgação: Raquel Wandelli
Jornalista – SeCArte – UFSC
Fones: 37218729, 37218910 e 99110524
Apresentação:
A
apresentação da exposição é do escritor Álamo de Oliveira, que
já compôs diversas marchas para o carnaval terceirense. O escritor
também foi responsável por várias montagens teatrais e diversos
bailinhos de carnaval. Abaixo o texto de apresentação da exposição.
“Uma
das celebrações festivas do Carnaval mais originais ocorre, com
certeza, na ilha Terceira dos Açores. Durante dois ou três meses, alguns
milhares de pessoas (atores, poetas populares, autores, compositores e
músicos, vocalistas, ensaiadores, figurinistas, costureiras) preparam,
com talento e afeto, aquele que é o maior Festival de Teatro Popular, se
não do mundo, pelo menos da Europa.
Durante
os dias de carnaval, meias centenas de grupos percorrem as oito dezenas
de palcos que envolvem a ilha, representando estórias que tocam o
imaginário histórico e social ilhéu, nas mais diversas variantes
temáticas, tratando-as, literária e teatralmente, de acordo com a
sensibilidade de cada tema. Assim, a hagiografia, os feitos históricos e
os dramas passionais entram na categoria das «danças» de dia, da noite e
de espada, enquanto que os casos que se expõem ao ridículo público são
satirizados através do uso de linguagem cômica e bem humorada, a que dão
o nome de «bailinhos». «Danças» e «Bailinhos» utilizam o mesmo figurino
estrutural (marcha, saudação, apresentação em quadros e desenvolvimento
do enredo, despedida e repetição da marcha) e são escritas em poesia
rimada bem à maneira do teatro vicentino.
A
presente exposição dirá muito da vivência do artista da imagem, que
é Joi Cletison, no Carnaval da Terceira, em 2006. Ele testemunha todo o
talento, criatividade e – por que não? – a genialidade de milhares de
artistas, anônimos no dia-a-dia, mas admiráveis nos quatro dias em que
desenvolvem este Festival, que é realizado numa ilha com 55 mil
habitantes e visto por mais de 40 mil espectadores”.
Álamo Oliveira – Escritor
Raminho – Açores, 5 de Janeiro de 2007
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