Na foto: Chico Pereira ( a direita) com o colega de academia, o avaiano Amilcar Neves.
O escritor Francisco José Pereira, o “Chico Pereira”, faleceu nesta
segunda-feira, aos 79 anos, após uma vida dedicada à literatura de Santa
Catarina. Ele foi sepultado às 10h de terça no Cemitério Municipal do Itacorubi,
em Florianópolis.
Chico Pereira, como era chamado pelos amigos, nasceu em Florianópolis.
Começou a escrever em 1957, quando cursava Direito. Formado, advogou na área
trabalhista. Foi preso durante a ditadura militar, quando teve de se exilar na
América Latina e na África. Dois de seus três filhos ( Rodrigo, Francisco e e
André) com a companheira da vida inteira, Natália, nasceram no exílio.
Grande escritor catarinense e militante
político, grande perda para o estado.
Resumimos abaixo um pouco das informações que foram vinculadas na mídia após
sua morte.
Um dos momentos mais importantes da vida do escritor foi dia 30 de junho
de 2005, quando entrou para a Academia Catarinense de Letras (ACL), na vaga
deixada por Teobaldo da Costa Jamundá. Coincidentemente, a cadeira tinha como
patrono o jornalista Crispim Mira, que dá nome à rua, no centro de
Florianópolis, na qual Pereira passou a infância e que foi tema de seu livro As
Duas Mortes de Crispim Mira. Ele também era um dos editores da Editora
Garapuvu.
Faleceu nesta segunda-feira (2) o escritor Francisco José Pereira, também
conhecido como Chico Pereira, ocupante da cadeira número cinco da Academia
Catarinense de Letras. O velório acontece neste segunda a partir das 18h,
no Cemitério do Itacorubi. O enterro será na terça-feira (3), às 10h.
Seu filho, também conhecido como Chico Pereira, conta uma história curiosa
sobre o autor. "Desde 2005 meu pai ocupou, na Academia Catarinense de
Letras, a cadeira nº 5, cujo patrono é Crispim Mira. Coincidentemente, ele
nasceu na Rua Crispim Mira, na capital, e seu primeiro livro de ficção chama-se
´As duas Mortes de Crispim Mira".
Um de seus livros mais ilustres é "O pardieiro", de 1999. O livro
de contos, que se passam na década de 50, foi um dos livros do vestibular da
UFSC em 2004. Além disso, o Autor fundou a editora Garapuvu, em homenagem à
árvore símbolo de Florianópolis.
Gilmar de Andrade, amigo da família, afirma que o autor era um exemplo de
vida. "O Chico dedicou a vida a construir um país melhor. Era uma
referência de vida para todo mundo, uma pessoa doce, bem humorada, e
deixou um grande legado cultural".
Além disso, Gilmar relembra que, quando Chico era presidente do IPUF, em
1980, ele foi um dos responsáveis pelo desenvolvimento do Plano Diretor de
Florianópolis.
Biografia
Nasceu na cidade de Florianópolis, em abril de 1933. Ingressou muito cedo, aos
19 anos, no jornalismo da capital (Jornalista com registro na Delegacia
Regional do Trabalho sob o nº 187, de 1954). Foi redator e gerente do jornal
Diário da Tarde (1952 a 1955). Criou (com Nazareno Coelho) o jornal O Invicto,
semanário esportivo de ampla circulação na cidade de Florianópolis (1953 a
1954). Foi redator do jornal Unidade (1959-1963) e diretor do jornal Folha
Catarinense, com circulação em todo o Estado de 1963 a 1964, cuja gráfica foi
destruída após o golpe militar de 1964. Na imprensa de caráter cultural,
dirigiu o suplemento Letras e Artes, junto com Silveira de Souza, do jornal O
Estado (1957). Foi redator do jornal de artes Roteiro, órgão de divulgação
cultural catarinense, onde publicou seus primeiros contos (1958). Nesta mesma
época colaborou com as revistas Sul e Litoral, com a publicação de diversos
contos.
Na década de 50 ingressou na Faculdade de Direito de Santa Catarina. Teve ativa
participação na política estudantil. Membro do Conselho Universitário da União
Catarinense de Estudantes (UCE) dirigiu os jornais Folha Acadêmica (Faculdade
de Direito) e O Lutador (UCE). Em julho de 1955 ingressou no Partido Comunista
Brasileiro.
Formou-se em Direito em 1955 (inscrição na OAB/SC nº 527), foi advogado do
Sindicato dos Mineiros em Criciúma (1960- 1961) e, após, com escritório próprio
de advocacia trabalhista na cidade de Blumenau, dedicou-se fundamentalmente a
demandas da classe operária (1962-1964).
Membro da Executiva Estadual do PCB, foi preso pelo Exército golpista em 1º de
abril de 1964, mantido em cárcere por sete meses no Quartel da Polícia Militar
do Estado do Paraná. Foi condenado por sua militância política a pena de 12
anos de reclusão. Evadiu-se da prisão e asilou-se na Embaixada da Bolívia,
deixando o país em janeiro de 1965 na condição de exilado político, mediante
salvo-conduto expedido pelo Itamarati. Viveu no exílio por 15 anos, regressando
ao Brasil em maio de 1980, sob o amparo da Lei de Anistia.
No exterior, obteve o título de Mestre em Ciências Políticas e Sociais pela
Universidade Católica de Louvain, Bélgica, em 1969. Defesa da tese: Phénomènes
politiques dans le processus du développement. Le militarrisme en Amérique
Latine Une étude de cas: le Brésil. Diploma Especial em Sociologia do
Desenvolvimento, pelo Instituto de Estudos de Países em vias de
Desenvolvimento, da mesma Universidade Católica de Louvain, em 1970. Com essas
habilitações acadêmicas, foi contratado como consultor de organismos
especializados em desenvolvimento sócio-econômico da ONU/Nações Unidas, atuando
em diversos países da América Latina e na África: FAO (República Dominicana,
Moçambique), CEPAL (México), ILPES (Chile), FIDA (Nicarágua, Bolívia) e o BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento) em Honduras, Equador e Paraguai.
No regresso, ocupou vários cargos políticos, entre eles, Diretor de
Planejamento da COBAL (Ministério da Agricultura, 1985), Superintendente da
SUDESUL (1986-1987), Diretor-Presidente do IPUF (1988) e Secretário Municipal
Florianópolis, no governo da Frente Popular (1993-1996). Foi Presidente
estadual do Partido Popular Progressista (PPS), que sucedeu o PCB, no período
1994-1996.
Em 1996, fundou a Editora Garapuvu (Nome da árvore símbolo de Florianópolis),
pela qual tem editado muitos escritores catarinenses.
É membro da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico de Santa Catarina.
com circulação em todo o Estado de 1963 a 1964, cuja gráfica
foi destruída após o golpe militar de 1964. Na imprensa de caráter cultural,
dirigiu o suplemento Letras e Artes, junto com Silveira de Souza, do jornal O
Estado (1957). Foi redator do jornal de artes Roteiro, órgão de divulgação
cultural catarinense, onde publicou seus primeiros contos (1958). Nesta mesma
época colaborou com as revistas Sul e Litoral, com a publicação de diversos
contos.
Na década de 50 ingressou na Faculdade de Direito de Santa Catarina. Teve ativa
participação na política estudantil. Membro do Conselho Universitário da União
Catarinense de Estudantes (UCE) dirigiu os jornais Folha Acadêmica (Faculdade
de Direito) e O Lutador (UCE). Em julho de 1955 ingressou no Partido Comunista
Brasileiro.
Formou-se em Direito em 1955 (inscrição na OAB/SC nº 527), foi advogado do
Sindicato dos Mineiros em Criciúma (1960- 1961) e, após, com escritório próprio
de advocacia trabalhista na cidade de Blumenau, dedicou-se fundamentalmente a
demandas da classe operária (1962-1964).
Membro da Executiva Estadual do PCB, foi preso pelo Exército golpista em 1º de
abril de 1964, mantido em cárcere por sete meses no Quartel da Polícia Militar
do Estado do Paraná. Foi condenado por sua militância política a pena de 12
anos de reclusão. Evadiu-se da prisão e asilou-se na Embaixada da Bolívia,
deixando o país em janeiro de 1965 na condição de exilado político, mediante
salvo-conduto expedido pelo Itamarati. Viveu no exílio por 15 anos, regressando
ao Brasil em maio de 1980, sob o amparo da
Lei de Anistia.
No exterior, obteve o título de Mestre em Ciências Políticas e Sociais pela
Universidade Católica de Louvain, Bélgica, em 1969. Defesa da tese: Phénomènes
politiques dans le processus du développement. Le militarrisme en Amérique
Latine Une étude de cas: le Brésil. Diploma Especial em Sociologia do
Desenvolvimento, pelo Instituto de Estudos de Países em vias de
Desenvolvimento, da mesma Universidade Católica de Louvain, em 1970. Com essas
habilitações acadêmicas, foi contratado como consultor de organismos
especializados em desenvolvimento sócio-econômico da ONU/Nações Unidas, atuando
em diversos países da América Latina e na África: FAO (República Dominicana,
Moçambique), CEPAL (México), ILPES (Chile), FIDA (Nicarágua, Bolívia) e o BID
(Banco Interamericano de Desenvolvimento) em Honduras, Equador e Paraguai.
No regresso, ocupou vários cargos políticos, entre eles, Diretor de
Planejamento da COBAL (Ministério da Agricultura, 1985), Superintendente da
SUDESUL (1986-1987), Diretor-Presidente do IPUF (1988) e Secretário Municipal
Florianópolis, no governo da Frente Popular (1993-1996). Foi Presidente
estadual do Partido Popular Progressista (PPS), que sucedeu o PCB, no período
1994-1996.
Em 1996, fundou a Editora Garapuvu (Nome da árvore símbolo de Florianópolis),
pela qual tem editado muitos escritores catarinenses.
É membro da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e
Geográfico de Santa Catarina.
Como escritor publicou: Apartheid O Horror Branco na África do Sul (ensaio,
Editora Brasiliense, 20.000 exemplares vendidos). E os livros de ficção: As
Duas Mortes de Crispim Mira (1992); Desterro de Meus Amores (1993); Um Ônibus e
Quatro Destinos (co-autoria, 1994); Vôo da Morte (1995); O Pardieiro (1999);
Destinos sem Repouso (2001); Havia Estrelas no Céu (2003); Contos Completos
(2006). Foi organizador, co-autor e editor de: O Dez Mandamentos (1996); Contos
de Carnaval (1997); Círculo de Mistérios (2000); Nossos Melhores Contos (2003);
Nem sempre foi Assim - Contos dos Anos de Chumbo (2007).
O livro O Pardieiro (1999), recebeu premio de Melhor Livro do Ano, concedido
pela Academia Catarinense de Letras e foi indicado como leitura obrigatória
para o vestibular da UFSC.
Recebeu em 2005 a Medalha do Mérito Anita Garibaldi, concedida pelo Governo do
Estado de Santa Catarina e o Título Honorífico de Cidadão Blumenauense,
entregue em sessão solene da Câmara Municipal de Blumenau.
É casado com Natália Dias Pereira, e pai de três filhos.
Fontes: