No dia 31 de maio de 2014,
os frequentadores do Mercado Público despediram-se de alguns dos pontos
comerciais mais tradicionais da cidade. A Ala Sul fechou para reforma e atualização
da licitação dos boxes comerciais. Na verdade, estes espaços do Mercado eram
considerados parte do coração da cidade, foram mais do que pontos comerciais,
foram espaços de convivência, de troca de informações, de termômetro da opinião
pública, das conversas políticas e culturais da ilha “manezinha”. Era ali que
ocorriam as atualizações e brincadeiras relacionadas ao clássico da capital
quando se falava de futebol, era ali que os bastidores da política e da cultura
regional, que não saíam na grande mídia, eram discutidos e polemizados. Era ali
que o esquenta do Carnaval e do Berbigão do Boca ocorria. O samba e a música
popular catarinense correram nas veias deste coração até dia 31. E é lógico que
mesmo depois que o mar deixou de bater em suas portas, era no Mercado que se
sabia quais os peixes frescos estavam chegando e quando a taínha iria chegar fresquinha.
Alguns comerciantes, em
pontos e boxes diferentes, continuarão no Mercado, mas com projetos diferentes
e quem sabe até melhores. Porém, algumas perdas emocionais a cidade sem dúvida
vai ter. Perdas como aquela que fechou a ponte Hercílio Luz para travessia
definitivamente em 1990, ou ainda o fechamento do Bar e trapiche Miramar em
1974. Aquele mesmo da música do poeta Zininho...
No sábado, vi muita gente
emocionada na Fiambreria Spinoza, o Bar do Alvim, sugestivamente o Box número
um do Mercado Público que fecha as portas depois de 57 anos de existência. O Bar do Alvim foi referência como empreendimento que renovou-se e divulgou a cidade e sua
cultura. A cidade inteira conhece o elevador do Alvim com suas histórias e
estórias, que levava os frequentadores para a cozinha e também aos banheiros entre Azeites, azeitonas e indescritíveis pastéis de camarão e bolinhos de Bacalhau.
Ao lado, no Box 96A, no
Bar do Seu Zezinho, a tradicional mesa do Senadinho fazia a sua última sessão
emocionada com o fechamento da casa do povo. Ali, o presidente da casa, o Senador “Kiko
Ortiga” fazia as honras, recebendo emocionado os companheiros de Senado para
mais essa despedida. Por ali passaram muitos artistas, jornalistas, sambistas,
políticos e mulheres e homens do povo, interessados nas últimas conversas,
piadas e eventos da antiga e da nova província.
O fim deste espaço, entre o Alvim e o Zezinho, se equivale a perda e fechamento do Café “Ponto Chic” e o seu Senadinho na Rua Felipe Schmidt que ocorreu em 2004. A reforma, a placa e painéis em memória ao Senadinho que foram fixados no local modernizado, como fruto de um movimento em prol da manutenção cultural do espaço, não impediram que a alma deste coração rebelde e bem humorado desta linda ilha, fosse como que abduzida e transferida para o Mercado Público. A novembrada não foi esquecida em seu episódio épico no Ponto Chic porque nestes anos todos foi relembrada e falada nos banquinhos dos bares do velho mercado. Os mesmos bancos onde se “intisicava” com um alvinegro quando o Leão da ilha vencia e vice-versa, pois afinal clássico é clássico!
O fim deste espaço, entre o Alvim e o Zezinho, se equivale a perda e fechamento do Café “Ponto Chic” e o seu Senadinho na Rua Felipe Schmidt que ocorreu em 2004. A reforma, a placa e painéis em memória ao Senadinho que foram fixados no local modernizado, como fruto de um movimento em prol da manutenção cultural do espaço, não impediram que a alma deste coração rebelde e bem humorado desta linda ilha, fosse como que abduzida e transferida para o Mercado Público. A novembrada não foi esquecida em seu episódio épico no Ponto Chic porque nestes anos todos foi relembrada e falada nos banquinhos dos bares do velho mercado. Os mesmos bancos onde se “intisicava” com um alvinegro quando o Leão da ilha vencia e vice-versa, pois afinal clássico é clássico!
Agora nos resta cantar em
verso e prosa mais essa fase passada pela nossa ilha e ficar atento para ver
onde essa alma mané, irônica, brincalhona, criativa e de resistência cultural
vai incorporar e se materializar, pois a
força da grana destrói coisas belas, mas o espírito criativo da humanidade é
capaz de inovações surpreendentes e acredito que em algum lugar desta cidade,
deve estar nascendo uma menina açoriana e mané com alma de Mercado Público...
Marcio Vieira de Souza
fotos : Marcio Vieira e Solange (Sol) Silva
2 comentários:
Pois é Márcio.
Acidade vai perdendo espaço a cada vez.
Menos UM
é o rolo compressor do "progresso",
e as leis são feitas para regular as ações dos poderosos e a vontade do estado. Ao povo, cabe cumpri-las e referendá-las no voto(obrigatório)...
também tem o direito de espernear, mas pouco adianta...
Forte Abraço
Paulo Roberto
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