segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Campus Party Brasil debate a confiabilidade de redes sociais


19/01/2011 |
Rafael Maia
Terra Not�cias
A questão da confiabilidade em redes sociais é polêmica, envolve desejos modernos e mitos jornalísticos em um paradigma em que, no centro, está o leitor. Afinal, o leitor, ou usuário, consegue fazer a transição do jornal tradicional para as informações em redes sociais de forma plena? Para discutir este assunto, que dividiu as opiniões no painel, a Campus Party Brasil recebeu Demi Getschko, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação (NIC.br) do Comitê Gestor da Internet no Brasil; Ana Brambilla, jornalista e editora de Mídias Sociais do portal Terra; Alexandre Matias, editor do caderno Link do jornal O Estado de SP; o diretor editorial da Tambor, André Forastieri e, como mediador, o especialista em cultura digital Gil Giardelli.
Segundo eles, algumas questões são imutáveis, como a necessidade de checar as informações divulgadas em redes sociais e, principalmente, verificar a veracidade do perfil ligado à celebridade, ao político ou à organização. "Na rede, é preciso ter olhar crítico", afirmou Matias.
Para Getschko, as redes sociais são uma transformação do modelo tradicional do jornalismo, que, para o bem ou para o mal, vai se consolidar cada vez mais. "A natureza da profissão muda, as pessoas e a forma como ela é feita também. Algumas profissões como a de datilógrafa, por exemplo, não existem mais. O mundo se adapta", falou.
O caso do WikiLeaks (site especializado no vazamento de informações confidenciais de governos e organizações) se trata ou não de jornalismo? À pergunta, a maior parte dos debatedores concordou: sim. Ana Brambilla, porém, foi na mão oposta. "Para mim, o WikiLeaks é um ponto de partida. Ele não pode ser encarado como jornalismo. Existe o dever de entregar ao leitor uma informação que efetivamente possa traduzir o que o conceito de jornalismo significa", referindo-se à necessidade de checagem das informações que vazaram neste caso.
Os palestrantes também lembraram o modelo de negócios atual na internet, utilizado pela maior parte dos portais brasileiros e tido como o da "velha mídia". "As agências de publicidade não entendem a internet e, consequentemente, anunciam nestes locais, que se baseiam em quantidade, impressões e número de cliques", opinou Forastieri.
Ao final, Giardelli provocou ao questionar a mesa se a moeda do século XXI não era a "reputação" individual, referindo-se à quatidade de perfis que são comandados por outras pessoas ou por uma equipe, no caso de um político ou celebridade, por exemplo.
"Tudo nessas pessoas é falso, tudo é construído. A roupa que elas usam, o corte de cabelo, o corpo que elas têm. É legal ser falso, é bom que o perfil combine com o resto", brincou Forastieri. "Eu também queria ter várias pessoas escrevendo por mim: ia ser melhor e mais interessante", acrescentou.
Campus Party Brasil 2011
Nascida na Europa, em 1997, a Campus Party é um dos maiores eventos de tecnologia, entretenimento e cultura digital do mundo que, em 2011, chega a sua quarta edição brasileira. Além do Brasil, são tradicionais os encontros realizados na Espanha, na Colômbia e no México. A Campus Party Brasil acontece de 17 a 23 de janeiro, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo (SP).
Para este ano, são esperados mais de 6,8 mil participantes - ou campuseiros - sendo que dentre esses, mais de 4,5 mil ficam acampados no local. Além de atividades como oficinas e exposições a Campus Party Brasil 2011 terão inúmeras palestras. Entre os confirmados, estão o ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, Tim Berners-Lee, pai da "WWW", e Jon Maddog Hall, presidente da Linux International, e muitos outros.

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