A Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento irão trabalhar juntos para expandir práticas de bem-estar aos animais de produção.
De acordo com os últimos dados da FAO*, mais de 60 bilhões de animais foram mortos para consumo no mundo todo em 2005. As últimas 24 horas desses animais são as mais difíceis: na maioria das vezes eles são expostos a ambientes estranhos, transportados por longas distâncias e misturados a outros animais que não lhes são familiares. Esta realidade não é diferente no Brasil.
A WSPA acredita que um declínio na produção e no consumo de carne pode levar muito tempo. Frente aos fatos, adotou uma atitude pró-ativa em favor dos animais destinados ao consumo. E considera de suma importância o trabalho de aliviar o sofrimento desses animais. O ciclo de consumo de carne é extenso e intrincado, extrapolando o consumidor humano e envolvendo desde a produção de ração para milhares de cães e gatos domésticos até a carne ‘in natura’ para alimentar animais silvestres ou exóticos sob a responsabilidade de protetores e órgãos governamentais.
Com o Programa de Abate Humanitário a WSPA tem lutado nesse sentido, para que práticas de bem-estar estejam presentes no manejo e transporte dos animais e nos abatedouros brasileiros. Tais medidas representam um enorme salto na melhoria de vida dos animais que, apesar de destinados ao abate, devem ser tratados com respeito.
Bem-estar animal vai estar entre as prioridades de fiscais agropecuários
A WSPA trabalhou meses num acordo, assinado agora com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA, que prevê o treinamento de fiscais agropecuários, médicos veterinários que atuam na área de fiscalização dos frigoríficos. Paralelamente, estamos trabalhando no desenvolvimento de acordos de cooperação com as Secretarias Estaduais de Agricultura para estimular a melhoria do Programa de Abate Humanitário também nos estabelecimentos sob Inspeção Estadual e Municipal, de maneira a realizar a harmonização nos procedimentos e legislações. Com o acordo, a WSPA irá iniciar o trabalho em campo, proporcionando medidas imediatas para aliviar o sofrimento desses animais.
A WSPA está elaborando todo o material didático (DVD e notas técnicas) adaptado à realidade brasileira do treinamento que será ministrado por profissionais habilitados e acontecerá em diversas regiões do Brasil. E permitirá um melhor entendimento da questão do bem-estar do animal e a implementação dos dispositivos legais da legislação brasileira que incorporam as boas práticas, incluindo padrões internacionais, as diretrizes da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) e da União Européia. Participarão dos treinamentos os inspetores que trabalham em estabelecimentos sob inspeção federal, estadual e municipal que aderem ao Sistema Brasileiro de Inspeção. O projeto-piloto terá início em 2008, no estado de Santa Catarina, abrangendo posteriormente o Rio Grande do Sul, o Paraná e São Paulo.
O acordo entre a WSPA e o MAPA porém, tem alcance além das fronteiras brasileiras. A evolução conquistada por uma legislação, duramente trabalhada durante anos pelo movimento de proteção animal na Europa, representa uma melhoria real no tratamento dos animais. Ao elevar os níveis de bem-estar dos animais de produção, levando em conta os padrões europeus, o Brasil que é um dos maiores produtores de animais do mundo, certamente influenciará de forma positiva, outras nações da América Latina que buscam aprimorar o manejo e o tratamento dos animais.
* Relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação – FAO de 2006 (www.fao.org/es/ess/yearbook/vol_1_1/pdf/b02.pdf)
Dados e informações de :
Halem Guerra Nery
Instituto Ambiental Ecosul
Florianópolis/SC
2 comentários:
muito apropriado esta reportagem, fiquei feliz em saber que organizações preocupadas com a situação estão agindo.
Sim Vera, também acho super importante essa temática.
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